quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Brasil Granaíno

Voce está prestes a ler um post gigante (como o usual neste blog). Se, por acaso, você não tem paciência para isso, desça a página e assista o filme.

Parei para fazer a retrospectiva desse ano e percebi que 2011 foi meu ano de globetrotter. Nunca viajei tanto! Passei mais tempo fora, do que dentro do meu país!
Os primeiros seis meses deste ano eu "trotei" demais. O começo do ano foi na Itália, depois voltei para a Espanha, depois um mês na França (com direito a um pulo na Espanha só pra fazer uma prova na universidade), depois Inglaterra, voltei para a Espanha de novo e, finalmente, vim para o Brasil.
Após dois meses no meu país tropical (fazendo idas e vindas por dentro do país), fiz as malas de novo e desembarquei na gélida e divertida Noruega, a terra dos vikings. Passei um mês abençoadíssimo por lá e agora estou de volta! ;)
Bom, mas a escala que me traz aqui é a minha volta para o Brasil. Sim, por que dois dias após chegar ao Brasil, tive que fazer a temível apresentação do meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Porém, a apresentação foi só a parte mais fácil do processo, a complicação mesmo foi produzir o meu TCC!

A SAGA DO TCC

Eu já tinha pago todas as matérias no meu curso de Jornalismo, na verdade, só faltava o meu TCC para eu me formar, porém fui selecionada no ERASMUS e decidi ir para Espanha, como todos já sabem.
A partir disso, comecei a pensar em usar os seis meses de intercâmbio e produzir meu TCC na terra das castanholas. A ideia era boa, o problema é que não deu certo. Os seis meses passaram voando. Usei esse tempo para me adaptar. Tive que sair correndo atrás de casa pra morar, tirar meu cartão de residente na Espanha (processo que acaba com sua paciência e dura meses), correr atrás de pilhas e pilhas de documentos para apresentar na universidade, gastar tempo com matrícula, assistir aulas, fazer trabalhos, fazer compras, conhecer gente nova, ajudar em uma ONG, etc.
Resumindo, ao fim dos seis meses eu não tinha nada mais que uma boa ideia na cabeça: fazer um documentário explorando o tema "a imagem do Brasil para o cidadão espanhol". Escolhi produzir um documentário pelo simples fato de que estava estudando justamente produção audiovisual (produções em vídeo e audio) na Espanha, assim, poderia colocar em prática todos os conhecimentos que aprendi no intrecâmbio. Coisa boa demais, ein, sô?
A situação ficou melhor ainda quando me informaram que me concederiam uma extensão de 4 meses na minha bolsa e eu só teria que fazer o requerimento. Não pensei duas vezes. Pedi mais 4 meses e estava determinada a usar esses 4 meses para produzir o meu documentário.
Me emploguei. Comecei a pensar no título, formato, perguntas, personagens, trilha sonora e até na edição! Mandei um email para o Paulo Fernando - coordenador do curso de Jornalismo da UFPI - perguntando se seria viável. Ele respondeu que eu só teria que consultar a Comissão Européia, que é quem coordena o programa de intercâmbio do qual fiz parte, e tava tudo certo.
Contatei a Comissão, que me deu carta branca. Pirei. hahaha. Já estava pensando nas locações, na plástica do filme, nas autorizações que eu teria que conseguir e no meu orientador do TCC.
Mandei um email para o Laerte Magalhães, que tinha sido meu professor de telejornalismo e manja muito dessa área de audiovisual. Pedi que ele fosse meu orientador e expliquei que estava na Érrrpanha e, por isso, a orientação teria que ser feita à distância. Ele topou.
Flipei, ou "flipé", como dizem os espanhóis. Lembro que estava em Lyon, na França, fazendo um curso francês durante o curto recesso da Universidad de Granada no mês de fevereiro. Férias para quê mesmo, né? Isso mesmo, nada de férias. Meus mês de fevereiro ficou assim: curso intensivo de francês, uma prova que teria que ir fazer na Espanha no final do mês e, agora, tcharaaam!, um projeto de TCC.
Tudo bem. Fiz o projeto, fiz o curso de francês (avancei de nível! Très chic!) e fiz a prova (tirei "notable").

Pré-Produção

Estava toda "felizinha". No mês de março fui pedir as autorizações na Universidade. Autorização para fazer o trabalho e constar no meu histórico de intercâmbio, autorização para usar o equipamento da universidade, autorização para usar o laboratório da universidade e autorização para ser orientada pela técnica do laboratório. Enfim, segui todo o protocolo. Nem sabia eu o que me aguardava.
Comecei a ler livros e mais livros, ver muitos e muitos documentários e ir nos arquivos procurando nos jornais de Granada as notícias que sairam sobre o Brasil nos últimos cinco anos. Tudo estava indo de vento em polpa, mas aí, o mês de abril aconteceu. O que eu não sabia é que a Semana Santa para o espanhol pode muito bem ser chamada Mês Santo. Ainda mais em Granada, que é uma cidade conhecida pelo chamado "turismo religioso". Quase toda semana tem uma procissão em Granada. No início é muito bonito, mas depois fica incômodo. O jeito é se acostumar. E eu morava bem no centro da cidade, do lado da igreja de onde saía ou chegava toda procissão de Granada. Que legal, ein?
No começo de abril, já consegui sentir o clima relax. Tentei marcar as entrevistas com os potenciais personagens e tentei conseguir o equipamento na universidade, mas todo mundo vinha com a resposta "Es que es fiesta, Semana Santa...". Conversei com alguns granadenses e eles me aconselharam marcar tudo pra maio, pois em abril as coisas funcionavam muitíssimo devagar na Espanha.
Relaxei. Ficar estressada pra quê, né? Não ia adiantar nada mesmo. Aceitei o convite de algumas amigas norueguesas de ir fazer uma viagem missionária à Inglaterra. E não me arrependi nem um pouco. A viagem foi linda. O meu abril não poderia ter sido melhor. Ao invés das procissões da Espanha, fui aos parques da Inglaterra compartilhar da minha fé em Jesus com a juventude inglesa. Foi muito louco. Incrível.

Produção

Maio foi um mês realmente produtivo. Fiz a gravação de imagens de transição nas locações. E fiz algumas entrevistas.
O principal problema que eu enfrentei foi conciliar o meu horário de aulas e a produção do filme. Acontece que os meus entrevistados sempre queriam marcar as entrevistas no meu horário de aulas... Desse jeito não dá, né? Dá sim! Se tem uma coisa que aprendi nesses dez meses de Espanha é que o "jeitinho espanhol" também existe. E como existe! hahaha.

Entrevistas

A minha primeira entrevista para o documentário foi inesquecível. A entrevistada, Merly Cara, uma garçonete de um tradicional restaurante de Granada, é divertidíssima. Fiquei super satisfeita de tê-la encontrado. Ela adicionou um tempero muito bom para o filme.

Merly Cara: a showwoman do filme

Na minha primeira entrevista tive ajuda da Renata Sartori, a gringa. Renata também é brasileira, gaúcha tche!, também estava em intercambio na Universidad de Granada e hoje é uma publicitária graduadíssima. Ela me ajudou a despertar a cineasta que havia dentro de mim e foi quem operou a câmera na primeira entrevista. 'chas gracias, Re!
As outras entrevistas fiz na solitude mesmo. De manha cedo saía de casa, ia pra faculdade, pegava o equipamento, pegava o ônibus e só voltava às 20:00 horas na facul para deixar o equipamento. No outro dia tudo se repetia. O ruim é quando eu tinha aula. Nesse caso, eu dava milhares de viagens com o equipamento.
Eu já era figurinha repetida nas linhas 8, C Universidad e 22 da Rober, a - pasmem! - ÚNICA empresa de ônibus de Granada. O equipamento pesava quase tanto quanto eu. O tripé media quase um metro e meio e câmera era um pouco mais relax. Eu pegava os dois cases e caía no mundo. A galera ficava me olhando no ônibus se perguntando de que hospício eu tinha saído, mas aí eu fazia aquela cara de gringa-perdida e eles me perdoavam.
Tensão foi na semana de gravar na perifa de Granada. Tive que ir fazer umas gravações em uma escola pública. Algumas pessoas me disseram que era perigoso ir com um equipamento tão caro (só a câmera custava mais que o dinheiro da minha bolsa dos dez meses juntos), para um lugar perigoso e, ainda por cima, de ônibus! E o que eu podia fazer? Sou latina e não tenho carro, meu bem! Tem que ser o busão mesmo! Saía de casa, fazia aquela oração fervorosa e caía na malandragem lá na perifa. Nunca me aconteceu nada, nadica mesmo. Achei até que a perifa de Granada é um milhão de vezes - sem hipérbole, sério - mais tranquila se comparada à perifa de Teresina, por exemplo.

Pós-Produção

O mês de maio passou produtivo, mas aí chega o mês de Junho e o Corpus Christi. Para quem não sabe, passar o Corpus Christi em Granada é o mesmo que morar em Salvador no mês do Carnaval.
Já tinha feito minhas entrevistas no mês de maio e parte de junho, mas quem disse que eu conseguia passar as imagens da câmera para o computador? Isso teria que ser feito no laboratório da universidade, mas não no período do Corpus Christi, pois "es fiesta, es Corpus Christi"... A facul fechou e, quando ela abriu, ela ficou lá, aberta, sozinha... Quer dizer, sozinha não! Pq eu e os funcionários da biblioteca estávamos lá todos os dias! hahaha.
Assim sendo, já alerto: se você for para intercâmbio na Espanha, atente para os meses de Abril e Junho, pq, se não, eles passam e você nem vê.
Detalhe, o meu prazo de entregar o TCC era 17 de JUNHO. Graças ao meu bom Deus adiaram para o dia 1 de julho!
O fim de junho e o começo do mês de julho foi um bombardeio de provas na Espanha. Era prova que não acabava mais. Eu estava fazendo provas e tentando conseguir as imagens que eu tinha gravado tudo ao mesmo tempo.
Resultado: consegui as imagens em uma qualidade extramamente inferior, pois o meu prazo estava estourando e demoraria tardes e tardes para capturar as imagens da câmera pro computador em alta definição.
Resolvi sacrificar a qualidade, pq meu tempo estava resumidíssimo. Em face disso, aploprei e escolhi fazer a edição em casa mesmo, no meu notebook. Dispensei a ilha de edição de última geração da Facul, comprei um programa de edição e instalei no meu computador. Eu fui louca? Talvez sim. Mas tive que fazer uma escolha, pq a paritr da metade de junho a facul fecha mais cedo e mais cedo ainda fecha o laboratório! Dessa forma, eu definitivamente não teria tempo para editar o material todo.
Para completar, a minha última prova era na semana da entrega do meu TCC. E eu tinha que reler uns 7 artigos e mais dois livros, é mole? E ainda tinha que escrever meu relatório final para o Brasil, descrevendo o processo de produção do documentário, para entregar junto com o TCC. É pouco prar você? Pois eu tinha que escrever meu relatório final para a Comissão Européia também, relatando em detalhes as atividades durante o meu intercâmbio. E tudo isso sem pedir ajuda aos universitários.
Resumindo a semana mais louca da minha vida: escrever o relatório sobre o meu TCC, editar meu documentário, fazer o relatório do ERASMUS e estudar para a última prova. Simples assim. Sabe que lendo agora parece até que foi fácil?!



Agradecimentos

E Graças a Deus deu tudo certinho. Fiz tudo em tempo recorde. Gastei 22 horas corridas, sem parar, a fim de editar meu documentário, contrariando as previsões da técnica do laboratório que me disse que seria "impossível", pq eu tinha hoooras e mais horas de imagens. Rum, sei.
A minha família toda foi imprescindível também. Meus pais, Rei, Mielke, Larysse. Eles correram (literalmente) para entregar meu trabalho, afinal, eu estava na Espanha!
Professor Laerte Magalhães arrasou também. Tanto na orientação à distância, quanto na hora de me lembrar dos prazos e até fazer entrega de relatórios, o que estava além da alçada dele. Gracias, profe!
A coordenação do Prof. Paulo Fernando no Brasil foi fundamental. Ele foi muito flexível e solícito. Juntou-se à boa vontade dos meus coordenadores na Espanha também e tudo correu super certo.
A japa do meu coração, Cássia Maria Rosato, minha companheira de apê, também merece ser mencionada nominalmente. A Cássia me acalmou e deu força o tempo todo. Ela e a Lisa, minha outra "compañera de piso", foram as primeiras espectadoras do meu documentário.
A Renata, gringa, da qual já falei no início, merece os créditos de filmagem da primeira entrevista. Minha cameragirl que esteve comigo no início!
Por fim, queria agradecer a todos os entrevistados. Até mesmo os que não entraram no documentário. E também ao Programa ERASMUS-Monesia, na pessoa da Miriam Llorens e à Universidad de Granada, na pessoa da Mercedes de la Moneda. Vocês foram incríveis!


Brasil Granaíno

Bem, o resultado de toda esta saga você poderá ver no filme a seguir. O documentário é entitulado "Brasil Granaíno" e explora a visão que o cidadão de Granada tem do Brasil. São cinco personagens falando o que acham sobre o nosso Brasil brasileiro. O filme, que tem 22 minutos e foi pensado para ser produzido em quatro meses, foi realizado em algumas semanas e foi meu Trabalho de Conlusão de Curso! Aprovechen, chicos e chicas! Olé!



Brasil Granaíno from Layanna Maiara on Vimeo.

2 comentários:

Mará Bonfim disse...

gostei muito do vídeo. Parabéns!

Graci Cruz disse...

Caramba!! ficou Show o vídeo.
Adorei viajar nas tuas descrições. vou seguir teu blog pra acompanhar tuas futuras publicações.

visita meu blog tb: www.sitok-sitak.blogspot.com

e se te agradar se junte a nós e siga tb!